Dividendos: um guia completo explicando o que são e como funcionam?
Saiba que os dividendos distribuídos aos acionistas são uma promissora fonte de renda passiva. De fato, quando você compra ações listadas na bolsa de valores (B3) você se torna um sócio e tem direito a receber os dividendos.
Se o seu objetivo é investir a longo prazo, saiba que ao reinvestir os dividendos em ações você aumenta o seu patrimônio. Além disso, gera uma renda passiva maior para o futuro, o que é uma ideia bastante atraente.
Aprenda com esse artigo o que são dividendos e como funciona a sua distribuição para os acionistas. Além disso, veja as principais informações que deve conhecer sobre esse tipo de investimento.
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Entenda o que são dividendos
De uma maneira simples, os dividendos correspondem a uma parte do lucro líquido das empresas que são destinados para os acionistas. Neste sentido, para ser um acionista basta adquirir ações de uma empresa na B3.
A distribuição de lucro é regulada pela Lei n. 6.404, de 1976, conhecida como Lei das S/As. Está uma obrigação que deve ser seguida pelas empresas de capital aberto listadas na B3.
De fato, estas empresas utilizam a distribuição de lucro para atrair os investidores com uma renda passiva. Assim, a quantidade de papéis de cada acionista é a base do cálculo dos rendimentos que irá receber.
É Importante esclarecer que os dividendos são calculados com base no lucro líquido ajustado. Ou seja, são os lucros da empresa já tendo descontado os seguintes itens:
- Impostos;
- Despesas;
- Eventuais provisões;
- Vendas de ativos.
De acordo com o artigo 202, da Lei das S/As, deve constar no estatuto social da empresa o percentual do lucro para os acionistas. De um modo geral, as empresas costumam distribuir 25% do lucro líquido ajustado.
Se no estatuto o percentual não estiver definido de forma clara, a empresa fica obrigada a pagar 50% do lucro líquido após ajustes.
Os dividendos podem ser pagos em forma de dinheiro, de outras ações ou direitos de propriedade. Além disso, esse pagamento pode ser de forma anual, semestral, trimestral ou ainda mensal.
De fato, no estatuto de cada empresa consta esta especificação para distribuição dos lucros aos acionistas.
Como funciona a distribuição de dividendos para os acionistas
Para entender a distribuição de dividendos aos acionistas é preciso conhecer a diferença entre as ações ordinárias e as preferenciais.
As ações ordinárias são as mais comuns, negociadas com o código ON. Estas garantem ao acionista o direito de voto nas assembleias, bem como o tag along. Isto é, se a empresa for vendida, a garantia da venda das ações junto ao acionista majoritário.
Já as ações preferenciais garantem ao acionista a preferência no recebimento de dividendos. Por isso, não participam das decisões em assembleia e recebem primeiro os dividendos do que os de ações ordinárias.
Contudo, se a empresa não distribuir lucro por três anos consecutivos, estes passam a ter direito de voto em assembleia.
Além disso, é interessante saber que a identificação de cada tipo de ação na B3 é feito adicionando um número ao final do conjunto de letras.
Para as ações ordinárias utiliza o número 3, como por exemplo: MGLU3, VALE3, ABEV3, EMBR3.
Já no caso das ações preferenciais utiliza o número 4, sendo por exemplo: CMIG4, GOLL4, ALPA4.
Outro aspecto importante da distribuição dos lucros está relacionado com a Data Ex-Dividendo. Isto é, todos os acionistas que adquiriram suas ações antes dessa data recebem os dividendos anunciados.
Conheça as datas importantes para receber dividendos
Para investir em ações tendo em vista receber os dividendos, é interessante saber um pouco mais a esse respeito. Pois existem algumas datas que orientam todo o processo de distribuição de lucros, que são:
1ª – Data de Declaração ou Aprovação
Nesta data, ocorre a divulgação pelo Conselho de Administração do valor a ser pago de dividendos por ação. Assim como a data de ex-dividendos e de pagamento dos proventos. Para tomar esta decisão devem considerar o estatuto da empresa e a sua situação financeira.
2ª – Data de ex-dividendos
As ações negociadas após esta data não têm direito ao recebimento dos dividendos já anunciados pela empresa. Ou seja, para adquirir ações pensando nos rendimentos é preciso saber essa data dos papéis.
Se acaso comprar após essa data terá de esperar o próximo anúncio da empresa de distribuição para receber a sua renda passiva.
É importante esclarecer que ações compradas na data ex-dividendos têm descontado do seu valor a quantia referente aos dividendos.
3ª – Data de Registro
Nesta data, as empresas fazem o levantamento dos acionistas que vão receber os dividendos. Além de especificarem outras informações importantes para a organização desse processo.
4ª – Data de Pagamento
É nesta data que os dividendos são depositados na conta dos acionistas que adquiriram as ações antes da data ex-dividendos.
Entenda os critérios para o cálculo dos dividendos para os acionistas
Saiba que para estabelecer quanto de dividendos cada acionista receberá, podem ser empregados alguns critérios, que são os seguintes:
1º – Número de ações de cada acionista
Neste critério, prevalece a quantidade de ações como base de cálculo para definir o valor que o acionista recebe. Assim, basta multiplicar o valor pago dos dividendos por ação pelo número de ações que um acionista possui.
2º – Percentagem do preço atualizado da ação
Para esta situação, a empresa determina um percentual sobre o valor atual da ação para serem pagos os dividendos. Assim, basta multiplicar o número de ações de um acionista pelo percentual de dividendos definido.
3º – Utilizando o Dividend Yield (DY)
O DY é um índice que mostra qual é o rendimento de uma ação baseada apenas no pagamento de dividendos. Isto é, o cálculo relaciona o preço atual das ações negociadas na B3 e os proventos distribuídos anualmente. Por exemplo:
Se acaso a empresa tem o dividendo anual de R$ 1,00 e as ações estão sendo negociadas por R 10,00, terá um DY de 10% (R$ 1 : R$ 10 = 0,1 x100 = 10%).
Conheça as características de empresas boas pagadoras de dividendos
Antes de adquirir ações no mercado é importante conhecer as empresas que são consideradas boas pagadoras de dividendos. Neste sentido, as principais características que essas empresas apresentam são:
1ª – Indicadores elevados de rentabilidade para o negócio permitem oferecer valores mais elevados aos acionistas. Isto porque não precisam de realizar grandes investimentos nas operações desenvolvidas.
2ª – Apresentam um crescimento no longo prazo de forma gradativa. De fato, isso assegura a rentabilidade dos negócios e a distribuição permanente de lucro.
3ª – Maior previsibilidade e baixa volatilidade, visto que o perfil é mais defensivo no mercado. Além disso, atuam tendo em vista o desenvolvimento sustentável do negócio.
4ª – Menor índice de endividamento, pois significa que a empresa não enfrenta dificuldades para ter um fluxo de caixa positivo. Sem dúvida, oferece mais certezas da geração de lucro líquido para os acionistas.
5ª – Grande movimentação de caixa e geração de lucro, pois desta forma obtém maior estabilidade financeira e capacidade de gerar resultados.
6ª – Apresenta um elevado Índice de Cobertura de Dividendos, pois este calcula a relação entre o lucro líquido e os dividendos pagos. Por isso, é um indicador da capacidade da empresa de pagar os acionistas.
7ª – Apresenta o Dividend Yield (DY) elevado, pois indica qual é o rendimento de uma ação em relação ao pagamento de dividendos.
Veja como reinvestir os dividendos recebidos
Cada investidor ao investir em ações para receber dividendos tem um objetivo de longo prazo como prioridade. Por isso, é preciso avaliar a melhor forma de otimizar esse investimento para alavancar os rendimentos.
Todo investidor ao receber os dividendos tem a liberdade de escolher como utilizar tendo em vista as suas demandas financeiras. Neste sentido, é preciso atentar para as implicações de usar os rendimentos no curto prazo.
Ou seja, a utilização em curto prazo é uma opção que prioriza o presente, mas não maximiza os retornos financeiros de longo prazo. Visto que este está relacionado com o número de ações que o investidor possui.
E se o investidor deseja receber mais no longo prazo, é preciso aumentar a quantidade de ações da sua carteira de dividendos. De fato, é um aumento do seu patrimônio pessoal que gerará maiores rendimentos a longo prazo.
Entenda como montar a sua carteira de dividendos
De uma maneira simples, uma carteira de dividendos é um conjunto de ações, listadas na B3, de diferentes empresas.
Sendo que estas empresas devem pagar bons dividendos aos acionistas. Desse modo, sinalizam para a obtenção de resultados positivos a médio e longo prazo.
Certamente, é um meio de direcionar uma parte do patrimônio para a renda passiva.
Antes de montar a sua carteira de dividendos é importante ter em vista os seguintes aspectos:
1º – Analisar o Dividend Yield para saber se a empresa é boa pagadora de dividendos;
2º – Avaliar o histórico de distribuição de lucros da empresa dos últimos 5 anos;
3º – Investigar as datas importantes para distribuição de dividendos e como se adequar;
4º – Pesquisar o valor da ação e comparar com os preços de mercado;
5º – Diagnosticar a saúde financeira da empresa com base nos demonstrativos de resultados;
6º – Verificar como a gestão da empresa é desenvolvida, se é assertiva e planejada;
7º – A carteira deve ser diversificada com empresas de setores diferenciados. Visto que é uma forma de proteger seu patrimônio de imprevistos e oscilações de mercado.
8º – Analisar a Agenda de Dividendos para obter informações importantes sobre os dividendos divulgados e as datas.
Veja as taxas e impostos que incidem sobre os dividendos
Quando receber os dividendos alguns tributos serão cobrados, sendo que em geral envolvem os seguintes impostos e taxas:
- Taxa de corretagem: este é valor pago para a corretora, podendo ser fixo ou variável;
- Imposto Sobre Serviço (ISS): é um imposto pela prestação de serviços realizada pela corretora;
- Taxa de Manutenção e sobre valor da Custódia: este valor é cobrado pela B3 para guardar as ações dos investidores na Câmara de Ações;
- Emolumentos e Taxa de Liquidação: estes são cobrados pela Câmara de Ações e pela B3. De fato, é uma forma de garantir o registro das ordens enviadas pelas corretoras;
- Imposto de Renda: para pessoas físicas a taxa é de 15% sobre os rendimentos. Neste caso considera operações com mais de R$ 20.000 ações no mesmo mês.
Portanto, os dividendos são uma boa opção para quem deseja investir a longo prazo com uma renda passiva. Por isso, estas informações são importantes para te ajudar a conhecer mais sobre o assunto.